A tua Igreja precisa de te ouvir cantar

Olho para baixo, e nas páginas do meu boletim vejo as palavras,

 

Porque o Salvador sem pecado morreu

A minha alma pecaminosa é contada como livre

Para Deus o justo está satisfeito

Olho para Ele e perdoa-me.

 

Olho para cima, e do outro lado da sala vejo Jeremy. Ele está a sorrir com entrega. Está a cantar estas palavras como se as estivesse dizer. O surpreendente acontece: ele está a olhar diretamente para mim. É como se ele quisesse que as verdades desta canção entrassem na minha alma pela simples força da sua alegria contagiante.

 

Amas os membros da tua igreja o suficiente para lhes ministrares através dos cânticos?

 

Há uns meses, David Mathis argumentou que Deus pretende que o nosso culto corporativo alimente o amor entre o corpo de Cristo. Quero aplicar o seu ponto de vista ao canto congregacional, em particular.

 

Porquê? Porque se não tivermos cuidado, a tendência individualista, dos nossos corações, pode levar a uma abordagem “eu e Deus” de adoração através do canto. Fechamos os olhos, meditamos nas palavras, e cantamos suavemente com os músicos da igreja – perdendo sempre uma das marcas do canto congregacional: o ministério da família de Deus entre si.

 

Estás no coro

O Novo Testamento descreve o canto como uma atividade corporativa. Uma marca dos que estão cheios do Espírito Santo é que se dirigem “entre si” em canto (Efésios 5:19). Porquê? Porque cantar é uma forma de amor cristão. Consideremos Colossenses 3:16, o famoso ensinamento de Paulo sobre o canto, no seu contexto mais amplo:

 

Acima de tudo isto, porém, esteja o amor, que é o vínculo da perfeição.
Seja a paz de Cristo o árbitro em vosso coração, à qual, também, fostes chamados em um só corpo; e sede agradecidos.
Habite, ricamente, em vós a palavra de Cristo; instruí-vos e aconselhai-vos mutuamente em toda a sabedoria, louvando a Deus, com salmos, e hinos, e cânticos espirituais, com gratidão, em vosso coração.
Colossenses 3:14-16

 

Há inúmeras ameaças à unidade do corpo (Colossenses 3:6-9). Paulo sabe que irmãos e irmãs podem ter “queixas” uns contra os outros (Colossenses 3:13). Como se promove uma comunidade de perdão e amor? Uma parte importante da resposta, de acordo com o versículo 16, é o ministério de canto de cada membro da igreja. Por outras palavras, Paulo acaba de inscrever cada crente no coro.

 

Lembra-te, todas as semanas reunimos-nos como pessoas feridas para que as nossas feridas espirituais sejam tratadas pelo Grande Médico. Na Sua misericórdia, Ele usa os nossos cânticos para aplicar o Seu doce bálsamo.

 

O cristão perseguido pela sua família biológica precisa de ouvir cantar, dezenas ou centenas, na sua família espiritual: “Jesus, eu tomei a minha cruz, para tudo deixar e seguir-Te”. O crente que luta arduamente contra a vergonha precisa de o ver exultar: “O meu pecado, não em parte, mas o todo, foi pregado na cruz, e eu já não o carrego mais”! O santo sobrecarregado de trabalho, esforço e desempenho precisa de ouvir como afirma: “Descansamos em Ti, nosso escudo e nosso defensor”.

 

Claro, não nos dirigimos uns aos outros apenas enquanto cantamos. Efésios 5:20 e os Salmos de louvor ensinam que Deus é o principal alvo das nossas canções e melodias. Mas levantar a voz para edificar os outros é precisamente uma das formas de exaltarmos o valor de Deus. Ao cantar, convidamos os nossos irmãos e irmãs a deleitarem-se com a Sua beleza.

 

Que diferença isto faz?

Se considerarmos o nosso canto como parte do nosso ministério pessoal a favor dos outros, ele moldará o modo como abordamos de forma prática a música na igreja. Eis quatro sugestões para ajudar a introduzir as implicações do ensinamento de Paulo nos cânticos do nosso culto.

1. Ora pelos membros da tua igreja antes e durante a reunião.

Como parte da tua preparação para o domingo, considera as suas lutas, medos, e provações. Pede a Deus que os recorde da Sua bondade através dos cânticos. Num hino, se uma frase te traz à mente a situação de alguém, ora para que essas palavras o ministrem naquele momento em particular.

 

  1. Cantem com convicção.

Como já mencionei anteriormente, o meu amigo Jeremy animou a minha fé simplesmente ao mostrar-me que acreditava nas palavras que cantava. Uma das formas de demonstrar convicção é cantar em voz alta. Há poucas coisas mais revigorantes espiritualmente do que estar rodeado de crentes que exaltam Jesus no seu volume máximo.

 

  1. Usar linguagem corporal.
    Isto poderá variar de acordo com a tua personalidade e cultura, mas mesmo nos ambientes mais subjugados podemos transmitir muito através da nossa linguagem corporal durante o canto corporativo. Sorri durante os hinos de alegria. Transmite contrição durante os cânticos de confissão. Talvez o mais importante, não fiques sempre de olhos fechados. Estabelecer contacto visual ocasional com os outros é uma ferramenta poderosa para mostrar que se está a cantar com esses irmãos em mente.

 

4. Deixa as tuas preferências de estilo de lado.
Uma vez que um dos principais objetivos do canto corporativo é edificar outros, a música dá-nos uma maravilhosa oportunidade de “considerando cada um os outros superiores a si mesmo.” (Filipenses 2:3). Se as palavras são verdadeiras, excelentes e belas, tenta envolver-te com cada cântico, mesmo que não seja o teu género favorito. Talvez descubras que a alegria que vês nos rostos dos outros te ajuda a valorizar a música pela sua capacidade de edificar irmãos que têm gostos diferentes do teu.

Nós cantamos porque Cristo nos amou primeiro. Nós amamos porque Ele nos amou primeiro. Que possamos fazer as duas coisas enquanto nos reunimos com a Sua amada noiva esta semana.

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Matt Merker

serve como assistente pastoral e presbítero na Capitol Hill Baptist Church em Washington, D.C. Ele compôs hinos congregacionais, incluindo "He Will Hold Me Fast". Ele vive em Capitol Hill com a sua esposa e os seus dois filhos.

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